IMPLANTAÇÃO DE UMA CULTURA ANTI-TABAGISTA
EM UMA CLÍNICA PSIQUIÁTRICA
J.Jaber, C. André, G. Espíndola e Eduardo Hoffman,
10/07/2005
Introdução:
A organização Mundial de Saúde estima que
o fumo seja responsável por cerca de mais de 3 milhões
de óbitos no mundo todo e é sem dúvida um
problema de saúde pública. Em razão deste
dado, parar de fumar é visto atualmente como a atitude
mais importante que o indivíduo pode proporcionar a si
mesmo. O objetivo deste trabalho, é refletir sobre a importância
de promover um ambiente livre de cigarros em um local que tem
como objetivo principal salvar vidas. Hoje já se tem em
várias clínicas e hospitais, locais de restrição
ao fumo e em estudos sobre tabagismo entre profissionais da saúde,
é citado que a redução no número de
médicos fumantes antecipou e serviu de exemplo para a população
geral.
Métodos:
Inicialmente a implantação de uma cultura anti-tabagista
foi introduzida a toda equipe de profissionais da clínica,
visando o abandono no uso de tabaco. A aderência foi total
o que estimulou a introdução desta cultura para
os pacientes internados na clínica. A princípio
abordamos a todos que entram para tratamento em regime de internação,
sejam eles portadores de dependência química (DQ)
ou outros diagnósticos psiquiátricos (ODP) e informamos
e educamos sobre os malefícios do tabaco. Oferecemos tratamento
e avaliamos, através do teste de Fagerstrom a carga tabágica
com objetivo de traçar junto ao paciente a melhor e mais
confortável forma de tratá-lo, respeitando sua subjetividade.
Temos ambientes livres do fumo com objetivo de proteger os não-fumantes
e para os fumantes é limitado o uso de um maço de
cigarros por dia, implementando sistematicamente a esta população
uma redução de danos. As abordagens psicoterápicas
no tratamento de anti-tabagismo são feitas através
de psicoterapia em grupo e individual e há um incentivo
de toda a equipe em ajudar e valorizar a decisão de abandonar
o cigarro. Os pacientes são estimulados a praticar atividades
físicas e recebem reforço positivo através
de privilégios, como: (direito a ligar para mais vezes
para a família, preparação de uma comida
especial). Pode ser utilizado tratamento medicamentoso com uso
de anti-depressivos e repositores de nicotina ( adesivos e gomas
de mascar de nicotina). As acomodações são
divididas entre fumantes e não-fumantes e por toda a clínica
há cartazes informando o conteúdo de substâncias
encontradas no cigarro e suas conseqüências.
Resultados:
Foram analisados as distribuições por diagnóstico,
sexo, idade, tempo de internação e evolução
no consumo de cigarros dos pacientes internados. No período
de julho a dezembro de 2004,foram 66 pacientes internos, sendo
que 42 (63,3%) fumantes e 24 (36,4%) não-fumantes. Os que
aceitaram o tratamento, foram 31 pacientes, sendo 7 (16,6%) total
em abstinência na saída da internação.
Conclusões:
Pacientes fumantes, com diagnóstico de dependência
química e outros diagnósticos psiquiátricos,
freqüentemente demonstram pouca resistência a aceitar
abordagens anti-tabagistas e, os que não aceitam tratamento,
passam a respeitar os lugares delimitados para fumar.o consumo
médio de cigarros de uma população de internos
pode ser efetivamente reduzido em tratamentos de curto prazo,
com alguns pacientes podendo alcançar a abstinência
completa.
Referências Bibliográficas:
1. Ferreira Borges C , Cunha Filho U. Usos, abusos e dependências:
Manual técnico. Portugal, 2004.
2. Henningfield JE, Cohen C. Nicotine addictation, Principles
and management, New York: Oxford University Press, 1993.
3. Ministério da Saúde, Instituto Nacional de Câncer.
Falando sobre tabagismo, 3ª ed. Rio de Janeiro, 1998.
4. Ministério da Saúde, Serviço Disque Saúde.
Relatório Periódico, 2004.
5. Ministério da Saúde, instituto Nacional de Câncer.
Ajudando seu paciente a deixar de fumar. Rio de Janeiro,1997.