Sintomas ansiosos e depressivos em familiares de pacientes com transtornos na utilização de substâncias psicoativas

Clínica Jorge Jaber, 15/03/2005

Objetivo: Este trabalho descreve a freqüência e características dos transtornos de ansiedade e manifestações depressivas em familiares de dependentes químicos em tratamento numa instituição privada no Rio de Janeiro.

Método: Entrevista estruturada dos familiares participando do tratamento para pacientes com transtornos na utilização de substâncias psicoativas.

Resultados: Em 669 familiares observados, 274 apresentaram distúrbios de ansiedade – 41%. A freqüência foi maior em mulheres, 202/370, 54%, que em homens – 72/299, 24%. O distúrbio mais encontrado foi o transtorno misto de ansiedade e depressão – 37%. Este distúrbio mostrou-se mais freqüente em mulheres, enquanto reações ao estresse grave foram mais freqüentes em homens. Fobias específicas e transtornos de pânico significam, em conjunto, 2% dos distúrbios encontrados.

Conclusão: Transtornos de ansiedade – especialmente o transtorno misto de ansiedade e depressão – são comuns em familiares de pacientes com transtornos na utilização de substâncias químicas. A evolução destes sintomas é, muitas vezes, independente daquela dos pacientes, sugerindo a necessidade de avaliação independente e tratamento individualizado. Detecta-se, porém, tendência à evolução favorável dos sintomas depressivos e ansiosos na medida em que os familiares mantêm adesão ao tratamento familiar proposto, incluindo programa adaptado de 12 passos e terapia cognitivo-comportamental. Os resultados desta avaliação devem ser considerados preliminares, devendo ser validados, no futuro, com a utilização de instrumentos padronizados de avaliação prospectiva dos distúrbios estudados.

AMARAL, Verônica, B., HOFFMANN, Ângela, JABER FILHO, Jorge A., ANDRÉ, Charles. Sintomas Ansiosos e Depressivos em Familiares de Pacientes com Transtornos na Utilização de Substâncias Psicoativas. Rio de Janeiro: APERJ, Arquivos Brasileiros de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal – Vol 98, Nº 02, ABR/MAI/JUN 2004, p.22.